Entrevista com Bailarino Profissional - Alexandre Scupinari

Entrevista com Bailarino Profissional - Alexandre Scupinari

A Zheit foi atrás do professor e Bailarino profissional Alexandre para saber um pouco mais sobre a sua história e desmitificar os boatos que só no Brasil vemos, de que homem não pode fazer Ballet ou que bailarino obrigatoriamente é homossexual. Na conversa vimos que não é bem assim...

Pergunta:

Como de praxe quisemos saber um pouco mais sobre nosso entrevistado e perguntamos, quem é Alexandre Scupinari?

Resposta:

Ele respondeu que cresceu praticamente na dança. Fazia parte do grupo folclórico Ucraniano e que somente aos 12 anos de idade entrou para o ballet.  Ele sempre estava envolvido em esportes, futebol e a vontade de sempre ser o melhor em tudo, precisava de algo para gastar suas energias. Ele foi convidado para fazer uma apresentação pela escola de Ballet, Petit Ballet, e que ele se sentiu super bem e, a partir de então não parou mais.

Em razão dele ser dançarino de Folclore e existir dentro da dança tipica fundamentos do Ballet, que é a base de todas as danças, ele com 2 anos de Ballet foi incentivado pela escola Petit Ballet para fazer uma audição fora do país, em Nova York com apenas 14 anos. A escola da audição era tão respeitada que cerca de 800 mil crianças faziam audição e só aproximadamente 10 passam e quase nenhuma com bolsa integral, e ele passou com bolsa integral.

Formado aos 18 anos pela School of Ballet, escola da companhia de Nova York,  sofreu também com bullying na própria escola. Por não falar inglês, era mandado para o fim da turma sempre, colocavam gilete na sapatilha, em razão do seu pé ser o mais bonito. Eram 5 horas de aula diárias por 4 anos, dançavam 60 show por mês como corpo de ballet e teve aula com Mikhal Baryshnikov¹.

Ele dançou dos 18 a 23 anos em seis companhias diferentes.

 ¹ É um bailarino, coreógrafo e ator nascido na Rússia, mas se naturalizou Americano. É considerado por muitos bailarinos um dos melhores.

 

Pergunta:

Uma das maiores preocupações dos homens é como contar e como vai ser atitude dos pais com o fato do filho querer ser bailarino, perguntamos exatamente isso para o Alexandre, - Como foi a reação dos seus pais ao saber que você seria bailarino?

Resposta:

Ele respondeu que sua família, os pais não tinham nenhuma parte artística, que somente ele e suas irmãs que dançavam no folclore, mas que os pais apoiaram, inclusive vendendo carro para conseguir pagar a viagem. No meio social ele disse que ficou quieto e que foi questionado algumas vezes sobre se era coisa de gay e tal... mas, que depois que ele levou realmente a sério, as pessoas viram que não era bem assim e começaram a se aproximar até.

Pergunta:


O papo estava fluindo tão bem, que acabamos não perguntando diretamente, mas ele comentou sobre o preconceito.

Resposta:

O preconceito maior é pelo fato de trabalhar diretamente com mulher e ter que ser mais sensível para o trabalho na dança. Ele agradeceu o fato dos pais sempre estarem ao seu lado orientando e que o preconceito no Brasil acaba sendo um pouco de inveja, pelo fato de trabalhar diretamente com mulheres e gerar uma confiança com elas.

Lembrando que fora do Brasil a profissão é super bem conceituada e respeitada.

 

Pergunta: 

Quisermos saber agora, quais são as diferenças dos alunos/bailarinos brasileiros com os bailarinos de outros países.

Resposta:


Para o Alexandre, uma das diferenças é que os bailarinos brasileiros vem de um país que sofre muito, como para conseguir documentação, para conseguir dançar e manter a dança e, como o brasileiro tem toda essa dificuldade, ele dança com o coração. Ele realmente dança porque ama o que faz, porque técnica todo mundo tem, mas falta a emoção.

Pergunta:


Com tudo que anda acontecendo em nosso país, quisermos saber o que ele achava da perspectiva de um profissional do Ballet no Brasil

Resposta:


Para o ele, o problema vem desde a escola, desde as aulas de artes e que nossos talentos não são estimulados nos momento certo, mas que pelo menos em Curitiba, de uns 5 anos para cá, a atividade de dança está crescendo e que independente de ser ballet ou hip hop, o importante é a arte estar presente.

 

Pergunta:


Agora, a hora da verdade. Perguntamos o que é necessário para um homem ser bailarino?

Resposta:

Primeiro tem que gostar e procurar a arte e gostar de fazer as pessoas ficarem emocionadas, gostar de dançar para outros. A música deixa você feliz, alegre, triste, um movimento de braços pode fazer você chorar.

Perguntamos ainda... 


E os homens que tem vergonha, como agir ?

 

Resposta:

Qualquer atividade que você for fazer, deve ficar em silêncio. Um exemplo é ir um dia para academia e achar que está forte, e não é bem assim. Tem que confirmar essa vontade, ter certeza disso e, quando você estiver confiante do que está fazendo, dai pode contar para os outros. Primeiro você tem que estar apaixonado pelo o que faz, independente do que as outras pessoas vão achar.

E por fim perguntamos o que é o Ballet para o Alexandre Scupinari ?

Alexandre Scupinari: " é expressar alegria e tristeza é fazer com que as pessoas se toquem sem falar nada, fazer com que elas lembrem da vó, que elas lembrem talvez do namorado, talvez um momento ali que ela teve um momento de alegria, de tristeza"    


E terminamos assim nossa entrevista, lembrando que ela esta na integra no soundcloud e no Itunes não deixe de acompanhar.

O Alexandre também dá aulas de Pilates no Líder Studio, localizado na Rua Saldanha Marinho, 1691, cj 4, Cidade de Curitiba-PR.

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 Por Murilo Hubert Schenfeld