Louvre- O palácio que virou museu
07/05/2019 10:00
1793 foi o ano em que o Museu do Louvre abriu suas portas com suas coleções de obras de arte formadas a partir de coleções da monarquia francesa e de espólios do Império Napoleônico.
Mas, antes de ser Museu, o Louvre foi, originalmente, construído como uma fortaleza, no final do século XII ao XII sob o reinado de Filipe II (foi o Rei da França de 1180 até sua morte em 1223), para defender Paris contra os ataques dos Vikings.
Contudo, a função de fortaleza perdeu o sentido devido à expansão urbana de Paris e, no ano de 1546, Francisco I (reinou a França de 1515 até 1547) converteu a fortaleza em residência principal dos reis franceses, sendo que o prédio foi ampliado várias vezes e, a antiga fortaleza medieval foi se transformando.
Luis XIV, o Rei Sol, no ano de 1682 escolheu o Palácio de Versalhes como sua residência, deixando o palácio do Louvre como um lugar para exibir a coleção real e para a ocupação dos nobres, intelectuais e artistas. Quando foi apresentado um projeto para transformar o palácio em museu para o Rei Luis XIV, ele gostou a ideia e iniciou os trabalhos para adaptação.
Em 1692, o palácio foi ocupado pela Académie des Inscriptions et Belles-Lettres,(uma sociedade científica francesa voltada para as humanidades, fundada em 1663) e pela Academia Real de Pintura e Escultura (fundada em Paris em 1648 por Luix XIV), por aproximadamente 100 anos.
Mas, foi durante a Revolução Francesa (1789-1799) que a Assembléia Nacional Constituinte decretou que o Louvre deveria ser usado como um museu.
As coleções, do agora Museu do Louvre, aumentaram gradativamente com os confiscos militares e doações privadas e, no dia 10 de Agosto de 1793, o museu foi inaugurado com uma exposição de 537 pinturas, com o acervo formando principalmente por obras confiscadas de aristocratas que haviam fugido da Revolução Francesa. O público tinha acesso gratuito nos finais de semana para visitar o museu. Os outros dias da semana eram reservados para os artistas que desejavam estudar as obras primas dos grandes mestres que estavam ali expostas. Em 1796 até 1801, o museu teve que ser fechado em virtude de problemas estruturais.
Sob o governo de Napoleão, a coleção do museu do Louvre, agora renomeado como Museu Napoleão, foi aumentada e, com a ajuda de seu primeiro Diretor Vivant Denon, organizou as coleções do museu.
Vivant Denon foi um pintor, escritor, arqueólogo e diplomata francês. No ano de 1802 a 1804, Vivant ocupou o cargo de Diretor do Musée Central des Arts e do Museu Napoleão (Museu do Louvre). Convém destacar que, foi Napoleão quem ordenou reformas e embelezamento no edifício.
Dos anos de 1805 a 1812, Vivant acompanha Napoleão nas invasões européias, visitando todos os museus e bibliotecas das nações por onde passava e, como era de se esperar, realizando várias apreensões. Contudo, após a abdicação de Napoleão, muitas das obras que foram apreendidas foram devolvidas paras os seus donos originais
Nos reinados de Luis XVIII e Carlos X e, durante o Segundo Império Francês, o museu ganhou cerca de vinte mil peças, sendo que as participações cresceram através de doações e legados.
Com o desenvolvimento da arqueologia e com as novas escavações e aquisições no Oriente, inúmeras relíquias foram transportadas para o museu, sendo que, no ano de 1847, o Louvre foi o primeiro museu de assiriologia (estudo arqueológico, histórico e linguístico da Mesopotâmia) da Europa.
Outro acréscimo importante foi a aquisição da coleção do Marquês de Campana, contando com mais de 11 mil pinturas, esculturas e antiguidades. Durante a Comuna de Paris, o Palácio de Tulherias, que foi ligado ao Louvre no início do Século XVII através de uma longa galeria ao longo do Sena, foi incendiado e o fogo ameaçou o Louvre. Depois de longa indecisão entre a reconstrução do Palácio de Tulherias, perdido por causa do incêndio ou de sua demolição, optou-se por esta, fato este que marcou o início do Louvre moderno.
Dessa forma, foram reconstruídos as extremidades do antigo Palácio de Tulherias, que hoje correspondem aos Pavilhões de Flora e Marsan e foi duplicadas a ala norte.
No ano de 1922 marcou a abertura de uma grande galeria exclusiva da Arte Islâmica no Pavilhão do Relógio. Um dos diretores, Henri Verne, viu que haviam muitos espaços disponíveis no museu e reorganizou várias galerias para escultura antiga, escultura européia, pinturas, arte egípcia e artes decorativas.
Com a II Guerra Mundial, as coleções foram evacuadas, sendo que as peças mais pesadas foram protegidas com sacos de areia. As peças eram constantemente trocadas de lugar por medidas de segurança (saiba mais A arte escondida das bombas nazistas).
Em 1940, o museu reabriu ao público com uma coleção de cópias em gesso de algumas estátuas. Finda a Guerra, o museu passou por uma grande reorganização de todas as coleções.
O Louvre tem uma estrutura quase retangular, sendo composto pela praça de Cour Carée e de duas alas que envolvem o Cour Napoléon. No centro do Louvre está a icônica Pirâmide do Louvre, construída em vidro e metal, servindo de entrada principal do museu.
Presidente François Mitterrand encomendou, em 1984. a construção da pirâmide, sendo projetada pelo arquiteto Ieoh Ming Pei. E estrutura foi construída inteiramente com segmentos de vidro e atinge uma altura de 20,6 metros. Sua base tem cerca de 35 metros de lado e possui 603 losangos e 70 triângulos de vidro.
A pirâmide em construção, agosto de 1987
Algumas pessoas alegam que o Louvre tem exatamente 666 painéis de vidro. Essa história se originou no ano de 1980, quando a brochura oficial havia publicado, durante a construção da pirâmide. No entanto, o Museu do Louvre afirma que a Pirâmide possui 673 painéis de vidro. O mito dos painéis ressurgiu em 2003, com Dan Bronw em seu best seller O Código da Vinci, onde o protagonista Robert Langdon reflete:"esta pirâmide, a exigência expressa do presidente Mitterrand, tinha sido construído exatamente com 666 painéis de vidro, um pedido bizarro, que tinha sido sempre um tema quente entre os amantes da conspiração que alegaram que o 666, fosse o número de Satanás".
A pirâmide e seu átrio foram inaugurados no dia 15 de outubro de 1988 e a segunda fase, a pirâmide invertida foi concluída somente em 1993.
A coleção do Louvre compreende cerca de 300.00 obras anteriores ao ano de 1948, sendo que, somente 35.000 estão expostas. As exposições são distribuídas em 8 departamentos:
1- Antiguidade Egípcia: com mais de 50 mil objetos, abrange os períodos entre o Antigo Egito até a arte copta (arte dos povos cristianizados no Egito). incluindo, também os períodos helenístico, romano e bizantino. Na coleção egípcia podemos encontrar papiros, múmias, amuletos, vestuário, instrumentos musicais, armas, além de sarcófagos ricamente pintados. Vale um destaque especial para a escultura "Escriba sentado".
2- Antiguidades do Oriente Próximo: termo utilizado, originalmente, para os Estados dos Balcãs no Leste Europeu. Hoje em dia descreve os países do Sudoeste Asiático. Na coleção estão a história e a arte desde as primeiras civilizações até a presença muçulmana na região, sendo particularmente notável as peças da Suméria e da cidade de Acádia, como as Estrelas dos Abutres, painéis da azulejos esmaltados de Susa.
Estrelas dos Abutres
Código de Hamurabi
3- Arte Grega, Romana e Etrusca: a coleção conta com peças de toda a região do Mediterrâneo desde o Neolítico (Período da Pedra Polida) até o Helenismo, passando pela civilização Cicládica (cultura da idade do bronze) e a cultura cipriota. A coleção conta com várias peças como vasos, marfins, afrescos, mosaicos, bronzes, destacando a Dama de Auxerre, as famosas estátuas da Vitória de Samotrácia e da Vênus de Milo.
Dama de Auxerre
Vitória de Samotrácia
Vênus de Milo
4- Arte Islâmica: é o departamento mais recente do museu. Com sua coleção com mais de 6 mil itens que conta mais de 13 séculos de história da arte islâmica. Em sua coleção, destacam-se a Píxide de al-Mughira, fragmentos do Épica dos Reis e um poema épico de Ferdusi escrito em persa.
5- Artes Decorativas: com peças que são da Idade Média até meados do século XIX, esse departamento foi criado com as obras confiscadas na Revolução Francesa e outras obras provenientes da Basílica de Saint-Denis, o mausoléu da monarquia francesa. As peças mais valiosas dessa coleção estão a coroa de Luis XV, o cetro de Carlos V e a tapeçaria "A caça de Maximiliano".
6- Pinturas: a grande coleção de pinturas enfatiza a arte francesa, que compõe cerca de 2/3 do total. O conjunto das obras começou a ser reunido por Francisco I, quando o Louvre ainda era uma fortaleza, com a aquisição de obras primas de Rafael e Michelangelo, além de ter atraído Leonardo da Vinci para sua corte. Dentre as pintores, podemos destacar: Delacroix, Bosch, Caravaggio, Botticelli, Giotto, El Greco, Rembrandt, Goya, podendo destacar as pinturas de Monalisa, A morte da Virgem, A liberdade guiando o povo, Retrato de Luis XIV.
A liberdade guiando o povo
Retrato de Luis XIV
7- Gravuras e desenhos: esse departamento se originou das coleções reais. Contendo mais de 100 mil peças, o acervo foi sendo aumentado com doações e aquisições, sendo aberto ao público, pela primeira vez em 1797. Em virtude da sensibilidade do papel à luz, somente uma pequena parte dessa coleção encontra-se em exposição, mas consultas podem ser feitas mediante agendamento. Podemos encontrar obras em desenho ou gravura de Dürer, Da Vinci, Rembrandt, Delacroix, entre outros.
8- Esculturas: Com peças criadas antes de 1850 que não se encaixam no departamento de antiguidades etruscas, gregas e romanas, o conjunto de esculturas concentra-se em peças desde a Idade Média até meados do Século XIX, contendo uma grande seção de retratos e bustos oficiais. Entre os principais nomes estão: Michelangelo, Antonio Canova e Edmé Bouchardon.
Busto Imperador Tiberio
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Por Juliana Hembecker Hubert