Peste Negra: A Máscara e a Ilha dos Mortos

Peste Negra: A Máscara e a Ilha dos Mortos

Máscaras são elementos que por si só são atormentantes. Desde antigamente, elas eram usadas ou para esconder enfermidades e manchas na pele ou para, na falsa expectativa, não pegar alguma doença. Tudo isso porque se acreditava que a Peste Negra ou Peste Bubônica era transmitida pelo ar.

-Peste negra ou peste Bubônica foi uma doença causada pela bactéria Yersinia pestis ela causos por estimativa entre 25 e 75 milhões de morte  no seculo XIV. Os sintomas eram: manchas negras na pele e bolhas espalhadas pela pele. Ao contrário do que se acredita, a peste não foi extinta, isso porque a doença se hospeda em pulgas de ratos e roedores e, ainda hoje, temos surtos e casos isolados da doença. Em 2015 tivemos casos no EUA de endemias (que quer dizer que a doença esta centralizada em só uma região ela não se espalha para as demais ao entorno) em Madagascar, Congo e Peru.-

Acredita-se que a doença tenha vindo da Ásia e que chegou na Europa por meio de navios, que chegavam com marinheiros doentes e ratos com pulgas. Como a higiene não era das melhores na época medieval, a doença se espalhou rapidamente.

Os sintomas eram: febre acima de 40º, vômito com sangue, dor de cabeça, dores no corpo e fraqueza. Quando passado para o estágio bubônica, aparece bolhas do tamanho de uma laranja, que depois de rompiam e liberavam mal cheiro. As bolhas eram negras e a doença levava de 2 a 7 dias para causar a morte do enfermo. Hoje, a doença é tratada com antibiótico e isolamento do paciente mas, antigamente, qualquer tentativa de cura por meio de remédio ou chá era considerado bruxaria pela Igreja, o que dificultou o tratamento.

O que se permitia, na época, eram médicos e em sua grande maioria, consistiam em médicos de baixa qualidade, os quais não eram capacitados para ter consultórios ou eram jovem médicos, sem qualquer experiência. Esses médicos eram contratados pelo Estado para circular pela cidade fazendo sangria nos pacientes e fumegando o ar com aromatizantes.

Apesar da baixa qualificação técnica e de quase nunca conseguir salvar as vidas dos seus pacientes, os médicos eram considerados muito valiosos, chegando a ter casos, em Barcelona, de sequestros de médicos para pedir resgates. Sem falar que eram muito bem pagos pelo Estado, chegando a ganhar 50 florins por ano.

Esses médicos acreditavam que a doença era transmitida pelo ar, sendo que, o médico chefe de Luiz XIII, Charles de Lorme, foi o responsável por criar o traje utilizado pelos médicos, que consistia em um sobretudo leve de tecido encerado, máscara com olhos de vidro e um bico que era recheado com: junípero, âmbar cinzento, rosas, folhas de hortelã, cânfora, cravinho, láudano, mirra, pétalas de rosa e estoraque. Com toda essas ervas se acreditava que os médicos estavam livre do ar poluído.

Contudo, a máscara não foi o elemento essencial para que os médicos não ficassem doentes. Como o sobretudo era comprido e sempre ficavam muito bem fechados com botas,  nunca tinha uma parte do corpo à mostra, então, os médicos não eram picados pelas pulgas que eram a verdadeira causadora da doença. 

Mas, anos depois ficou confirmado que a doença também pode ser passada por gotículas da saliva, ou seja, a máscara, de uma certa forma, era útil. 

Apesar do médico nunca tocar nos seu pacientes, ele utilizava um bastão o qual quele manipulava o corpo do paciente para não ter contato direto com eles. O método de tratamento mais comum, além da sangria, era a utilização de sanguessugas. 

O médico mais famoso da peste negra foi Nostradamus, que escrevia conselhos para cura da peste como: remoção dos cadáveres infectados, a utilização de água limpa e uma água preparada com sumo de roseira brava. Detalhe que, falar que fez água preparada com rosas, ok, mas falar que iria fazer chá era bruxaria. (vai entender essas coisas da Idade Média!).

Eu, particularmente, gosto muito da máscara, tanto pelo contexto histórico quanto pelo visual e achei um tutorial no youtube bem legal.

 

Eu também sempre gosto de tentar comprar ou ver se existe algo mais próximo do original e nesse caso é impossível achar algo original. Até mesmo em museus é algo raro e nem sempre as máscaras são do aspecto que nos conhecemos, o que nos deixa um pouco frustado.

 

Mas, existem réplicas e vários modelos para serem comprados em sites como Ebay e Amazon, e custam em torno de $ 14,00 a $30,00.  Já no Brasil, no famoso site Mercado Livre são encontrados replicas a partir de R$ 110,00, o que para mim, é um valor muiiito alto.

Também não podemos deixar de contar sobre a ilha de Poveglia, perto de Veneza, que é conhecida por Ilha dos Mortos.

Essa ilha foi um local de quarentena, um local para os infectados pela peste negra e, mais recentemente, foi um sanatório. Uma das histórias que rondam essa ilha é de que metade do solo da ilha é composto por cinzas humanas em virtude da grande quantidade de pessoas que foram enterradas e queimadas no local durante a peste negra.

A história obscura da ilha remonta aos tempos dos Romanos, quando estes utilizavam para isolar a população geral das vítimas de pestes, sendo que, séculos mais tarde, a ilha foi novamente usada para isolar as vítimas da peste negra. Na época do Renascimento, a Europa sofreu com a peste bubônica e, em Veneza, famosa pelos seus rios, foi um local impossível de escapar da peste, uma vez que suas águas sujas, umidade e a transmissão pelos mercadores alastravam a peste facilmente.

Como haviam muitos cadáveres vítimas da peste, os corpos foram transladados para Poveglia, os quais eram incinerados em grandes fossas. As autoridades médicas e civis determinaram que além dos mortos, as pessoas doentes também teriam que ficar isoladas, as quais eram arrastadas até as piras crematórias. Acredita-se que, em torno de 160.000 pessoas foram cremadas na ilha.

Fossa comum de ossos em Poveglia

 

No ano de 1922, foi construído um sanatório na ilha e, rezam as lendas que os pacientes (loucos ou não) viam os fantasmas das vítimas da peste e escutavam seus lamentos. Durante essa época, havia um médico que usava de tortura para com os doentes mentais e, segundo lendas, após muitos anos de atos imorais contra seus pacientes, o médico também começou a ver os mortos pela peste. Tal fato o levou a subir na torre do campanário de onde acabou se jogando. Segundo uma enfermeira, não foi a queda que matou o médico, mas, após a queda, enquanto ele se retorcia de dor, uma espessa núvem saiu do solo e o estrangulou até a morte.

A torre do campanário

 

Há rumores de que o espírito do médico ainda vaga pelo sanatório e que, em algumas noites, é possível escutar o sino em toda a ilha.

 

Está curioso para ver a ilha? Infelizmente ela é fechada para a visitação, mas achei um vídeo que mostra a ilha e conta a história dela e, quem sabe, o espírito do médico não aparece?

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Pro Murilo Hubert Schenfeld