

A Canção do Expedicionário
07/06/2018 10:00
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Com certeza você já deve ter ouvido esse refrão pelo menos uma vez na vida. Trata-se da canção do Expedicionário, composto pelo maestro Spartaco Rossi, com letra de Guilherme de Almeida (advogado, jornalista, poeta, crítico de cinema e tradutor).
Spartaco Rossi
Originalmente, a música foi interpretada por Francisco Alves ou, como era mais conhecido, Chico Viola. Chico Viola foi um dos mais populares cantores do Brasil na primeira metade do Século XX.
Foi gravada em 8 de setembro de 44, em disco Odeon 12.504-A, matriz 7646, lançado em outubro de 44, com acompanhamento da Orquestra Odeon.
Mesmo antes de o Brasil entrar na II Guerra Mundial, já haviam algumas músicas que exaltavam o país e sua capacidade de reagir as agressões alemãs, sendo muitas delas compostas pelo maestro Spartaco, que compôs mais de duzentas peças, sendo, na sua grande maioria, de cunho nacionalista. Guilherme de Almeida, por sua vez, escreveu os versos para um concurso que escolheria uma canção para homenagear os pracinhas da FEB na Itália, promovido pelo jornal Diário da Noite.
Cabe destacar o relato de Guilherme de Almeida quando fazia um poema que consta na coluna que este mantinha no jornal O Estado de São Paulo, datado em 26 de dezembro de 1940, quando foi inaugurado o Monumento Nacional aos Mortos da II Guerra Mundial:
[...] Era já a madrugada de 8 de março de 1944 quando escrevi a última sextilha da "Canção do Expedicionário". [...] Apenas uma rapsódia. Mapa lírico do Brasil: fragmentos de canções do povo, com que o "pracinha" - o novo, desconhecido soldado dos Exércitos Aliados - havia de apresentar-se a gentes outras, terras de outrem, dizendo: Você sabe de onde eu venho ? [...] Isso cantaram os "pracinhas" lá longe, no estrangeiro. Isso, na Guerra, foi eco ao longo dos seus passos. Canto e eco que por lá então emudeceram à flor dos lábios e sob os pés de um punhado deles; [...] hoje, [...] quatrocentas e sessenta e seis urnas funerárias baixam à perenidade de um monumento votivo erigido frente ao mar que os levou [...]
Guilherme de Almeida
Retratando o perfil e os valores do homem que vai lutar em terras estranhas, os versos de Guilherme de Almeida na canção do Expedicionário trazem várias referências ao Hino Nacional e aos versos de José de Alencar e Gonçalves Dias, além de canções populares, como Luar do Sertão, Casinha Pequena, Casa de Caboclo, Meu Limão Meu Limoeiro e Feitio de Oração, bem como aproveita de ditados populares e exalta a natureza.
Uma outra curiosidade sobre a letra, é a repetição e a ênfase dada à letra V, como na frase "Sem que eu volte para lá/ sem que leve por divisa/ Esse V que simboliza/ A vitória que virá". Mas, o "V" também foi ligado à ideia de vida e vitória.
A canção foi criada para exaltar aqueles que se alistaram para combater o inimigo na Itália, homens vindos de várias regiões do país. Homens esses que jamais podemos nos esquecer.
Gostou? Compartilhe o post!!
Também temos um grupo de discussão sobre as Guerras no Facebook.Se você tem algum post, foto, vídeo, curiosidades sobre as Guerras, não deixe de compartilhar conosco!!
Você sabe de onde eu venho ?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Do pampa, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Você sabe de onde eu venho ?
E de uma Pátria que eu tenho
No bôjo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreno,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacaranda,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz !
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil