A história e curiosidades sobre

A história e curiosidades sobre "A Lista de Schindler"

25/06/2018 10:00

O filme "A lista de Schindler", de 1993, conta a história de Oskar Schindler, um empresário alemão que salvou várias vidas de judeus durante a Segunda Guerra Mundial, empregando-os em sua fábrica. 

Dirigido por ninguém menos de Steven Spilberg, o filme foi um sucesso de bilheteria e ganhador de 7 Oscars, 3 Globos de Ouro e 7 BAFTAS (premiação da Academia Britânica de Cinema e Televisão).

Oskar Schindler foi um industrial alemão sudeto (população que habitava a Boêmia e a Morávia), espião e membro do Partido Nazista. Ele nasceu em 28 de abril de 1908 em Zwittau, na Morávia. Sua adolescência foi um pouco conturbada pois, depois de frequentar as escolas primária e secundária, Oskar entrou para uma escola técnica, mas foi expulso em 1924 por ter falsificado um relatório. Contudo, conseguiu se graduar mais tarde, mas acabou não fazendo o Abitur, um exame que conclui o ensino e permite o ingresso nas Universidades Alemãs. Ao invés do Abitur, Oskar fez vários cursos em Brno, a segunda maior cidade da República Tcheca, em várias áreas, incluindo a de motorista e de manuseamento de máquinas. Por ser grande fã de motos, Oskar comprou umja Moto Guzzi de competição e participou, de forma amadora, de corridas em montanhas.

Oskar Schindler

Em 1928, Oskar se casou com Emilie Pelzl e o casal passou a viver com os pais de Oskar nos sete anos seguintes. Pouco depois do casamento, Oskar passou a trabalhar em um cargo na Moravian Eletrotechnic e na gestão de uma escola de condução. Depois de passar dezoito meses no exército Tcheco, no 10º Regimento de Infantaria do 31º Exército, Oskar voltou a trabalhar na Moravian Eletrotechnic, mas logo após, a empresa entrou em falência, deixando ele desempregado durante um ano. Em 1931, foi trabalhar no Jarslav Simek Bank de Praga, onde permaneceu até 1938.

No ano de 1935, Oskar ingressou no Partido de Natureza Separatista, o Partido Alemão dos Sudestas, criado por Kornad Henlein. Contudo, apesar de ser um cidadão Tcheco, em 1936, Oskar tornou-se espião do serviço Abwehr, o serviço de informação do exército alemão que foi ativo de 1920 a 1945. Suas tarefas consistiam em recolher informações sobre as instalações militares e movimentação de tropas, recrutar outros espiões na Tchecoslováquia. Em 1938, Oskar foi detido pelo Governo Tcheco, por espionagem, sendo imediatamente preso, mas foi libertado como prisioneiro político sob os termos do Acordo de Munique. Em 1º de novembro de 1938, Oskar candidatou-se a membro do Partido Nazista, sendo aceito no ano seguinte.

Em outubro de 39, Oskar foi para Cracóvia, para tratar de assuntos da Abwher. Em novembro do mesmo ano, Oskar foi apresentado para Itzhak Stern, um judeu polonês, contador e agente da Abwher.

Nessa época, os bens dos judeus poloneses, incluindo lojas comerciais e suas casas, foram arrestadas pelos alemães e, Oskar mostrou a Stern o balanço de uma empresa que queria adquirir, era uma fábrica de esmaltes chamada Rekord Ltda. Stern sugeriu que Oskar comprasse ou arrendasse a empresa, pois, dessa forma, ele teria mais liberdade frente às ordens dos nazistas, incluindo a facilidade de contratar mais judeus. Com apoio de investidores, Oskar assinou um acordo de arrendamento da fábrica em 13 de novembro de 1939 e alterou seu nome para Deutsche Emaillewaren-Fabrik (Fábrica Alemã de Utensílios Esmaltados), ou simplesmente "DEF". A empresa ficou conhecida como "Emalia". 

No início, foram contratados uma equipe de sete trabalhadores judeus, incluindo Abraham Bankier, que ajudou Oskar a gerir a empresa, e mais 250 empregados polacos. No auge, a Emalia empregada 1750 trabalhadores, sendo dos quais, mil eram judeus.

Empregados judeus e poloneses de Oskar Shindler em Krakau

 

Como Oskar tinha relações com a Abwehr e os seus contatos com a Wehrmacht, permitiam-o obter contratos para produzir esmalte para material de cozinha para o exército. Essas ligações foram extremamente importantes, uma vez que ajudaram a proteger os trabalhadores judeus da deportação ou da morte.

Com o passar do tempo, Oskar teve que aumentar o valor das contrapartidas dadas aos oficiais nazistas para manter os trabalhadores a salvo e para buscar mais trabalhadores no mercado negro. De início, Oskar estava mais interessado no potencial financeiro de sua fábrica e contratou os judeus pois sia mão de obra era mais barata que as dos poloneses, uma vez que os salários eram definidos pelo regime nazista. Mas tarde, Oskar começou a proteger os seus trabalhadores sem se importar com os custos. 

A lista de Schindler

O Estatuto de sua fábrica era essencial para o esforço de guerra, pois tornou-se um fato decisivo que permitiu ajudar vários judeus. Quando os seus trabalhadores eram ameaçados de serem deportados, Oskar defendia-os, alegando que eram essenciais para a fábrica e também pedia isenções. As esposas, crianças e pessoas com deficiências eram consideradas para Oskar como necessárias para o trabalho mecânico e para manusear as máquinas. 

Em uma situação, a Gestapo exigiu que Oskar entregasse uma família que tinha falsificado os documentos de identificação. "Três horas depois, eles entraram, dois homens bêbados da Gestapo saíram do meu escritório sem os prisioneiros e sem os documentos suspeitos que eles exigiram" - disse Oskar Schindler.

Escritório de Oskar Schindler - museu 

Os trabalhadores de Oskar Schindler iam para o trabalho a pé todos os dias. Nos quatro anos que Oskar esteve à frente da fábrica, ele fez várias melhorias na infraestrutura, incluindo uma clínica, uma cooperativa e uma sala de jantar para os trabalhadores. 

Em 1941, os nazistas começaram a retirar os judeus do gueto e muitos deles foram levados para o campo de extermínio de Belzec. Em 13 de março de 43, o gueto foi destruído e,  os judeus que se encontravam em situação para trabalhar, foram enviados para outro campo de concentração, o de Plaszow. 

Schindler, informado dessa situação, manteve seus trabalhadores na fábrica para impedir qualquer ação contra eles, pois ele tinha testemunhado a destruição do gueto e ficou horrorizado e, a partir deste fato, decidiu salvar o máximo de judeus que fosse possível.

Gueto na Cracóvia

No campo de concentração de Plaszow, o responsável era Amon Göth, um homem sádico, membro da SS-Hauptsturmführer, que matava as pessoas no campo de forma aleatória. No início, o plano de Göth era passar todas as fábricas para o interior dos campos. No entanto, Oskar, ao saber dessa intenção, com uma combinação de diplomacia e suborno, impediu a recolocação de sua fábrica e conseguiu convencer Göth a construir, sob suas custas, um sub campo em Emalia, para acolher os seus trabalhadores e mais 450 judeus de outras fábricas próximas. Neste sub campo, os judeus estavam a salvo das execuções aleatórias e eram bem alimentados, sendo que até podiam praticar sua religião. 

Em julho de 44, a medida que o Exército Vermelho se aproximava, a SS começaram a encerrar os campos de concentração e enviar os prisioneiros para Auschwitz e Gross-Rosen.O Secretário pessoal de Göth, Mietek Pemper, alertou Oskar sobre o plano nazista de encerrar as fábricas que não estivessem envolvidas com o esforço de guerra. Dessa forma, foi sugerido que Oskar alterasse sua produção de material de cozinha para granadas anti tanques, tentando, dessa forma, salvar as vidas dos funcionários.
 
Exército Vermelho
 

Usando de subornos e o poder de persuasão, Oskar convenceu Göth e os oficiais de Berlim para mudar sua empresa e os trabalhadores para Brünnlitz, na região dos Sudetos, salvando-os da câmara de gás.

Em outubro de 1944, 700 homens de Schindler foram enviados para o campo de Gross-Rosen, onde ficaram uma semana antes de serem enviados para uma fábrica de Brünnlitz. O mesmo aconteceu com 300 mulheres que foram enviadas para Auschwitz. Mesmo com sua influência e subornos, Oskar falhou na libertação dessas trabalhadoras, mas, ele enviou sua secretária Hilde Alkbrecht com subornos do mercado negro, como alimentos e diamantes e, por fim, as 300 mulheres foram também levadas para Brünnlitz.

 

Campo de Gross Rosen

 

Além dos trabalhadores, Oskar também levou 250 vagões contendo maquinário e matéria prima para a fabricação das granadas, mas, poucos ou nenhum projétil foram produzidos na fábrica. Quando questionado sobre a baixa produção pelos oficiais do Ministério do Armamento, Oskar comprou os produtos acabados no mercado negro e vendeu aos oficiais como sendo produzido por sua fábrica.

As rações fornecidas pela SS eram insuficientes para alimentar todos os trabalhadores. Dessa forma, Oskar foi para Cracóvia para comprar alimentos, armamento e outros materiais, enquanto sua esposa Emilie, permaneceu em Brünnlitz a fim de obter, de forma escondida, rações adicionais e tratar a saúde dos trabalhadores. 

Emilie Schindler

Em janeiro de 45, um comboio com 250 judeus, que tinham sido rejeitados em uma mina, chegaram em Brünnlitz. As portas do comboio congelaram na chegada e Emilie teve que esperar que abrissem a porta com um maçarico. Doze pessoas haviam morrido e as restantes estava muito fracas para trabalhar, mas Emilie levou os sobreviventes para a fábrica e cuidou deles até o final da guerra. 

Oskar Schindler continuava subornar os oficiais da SS para impedir que matassem os trabalhadores, na medida que o Exército Vermelho avançava. No dia 7 de maio de 45, Oskar e os trabalhadores de sua fábrica, se juntaram para ouvir Winston Churchill anunciar a rendição alemã no rádio.

Com o fim da guerra e pelo fato de Oskar Schindler ser um membro do partido nazista e do serviço de informação Abwehr, ele estava em risco de ser preso como criminoso de guerra.

Mas, Bankier, Stern e vários outros fizeram uma declaração relatando o seu papel para ajudar a salvar vidas. Também, foi entregue a Oskar um anel feito de um dente de ouro que foi retirado de um dos judeus de sua lista. O anel tinha escrito dentro "Quem salva uma vida, salva o mundo inteiro". 

O anel dado à Schindler

Para escapar da captura dos russos, Oskar e sua esposa Emilie, partiram em direção à oeste, em seu automóvel. Contudo, o automóvel foi confiscado pelas tropas russas que controlavam a cidade de Budweis e, eles tiveram que continuar o caminho à pé até chegarem às linhas americanas na cidade de Lenora, onde seguiram para Passau e conseguiram transporte para a Suiça, através de um oficial judeu norte- americano. No outono de 45, os Schindlers viajaram para a Baviera.

Schindler estava falido. Tinha gasto toda sua fortuna com subornos e para adquirir produtos no mercado negro para ajudar os trabalhadores. Sem meios de subsistência, viveu pouco tempo em Regensburg, e, mais tarde se mudou para Munique, mas não conseguiu ter sucesso pós-guerra. Diante dessa situação, começou a viver da ajuda de organizações judaicas. Em 48, Schindler apresentou uma reclamação para ser reembolsado de suas despesas nos tempos de guerra. Ele recebeu U$15.000,00, mas ele estimou que seus gastos foram mais de U$1.056.000,00, que incluíram gastos com as infraestruturas nos campos, subornos e os produtos do mercado negro.

Schindler e Emile na Argentina

Em 1949 Schindler emigrou para a Argentina, onde tentou criar galinhas e ratos de poça de água, um pequeno animal criado para aproveitamento de seu pêlo. Mas em 1958, seu negócio faliu, Oskar deixou sua esposa e voltou para Alemanha, onde teve vários projetos, mas nenhum com sucesso.

Em 1964, Oskar sofreu um ataque cardíaco, onde passou um mês hospitalizado. Mantendo sempre contato com muitos dos judeus que salvou, incluindo Stern, Schindler sobrevivia às custas de donativos enviados pelos Judeus de Schindler de todo o mundo.

Oskar Schindler faleceu em 9 de outubro de 1974, sendo sepultado em Jerusalém, no Monte Sião. Pelas suas ações durante a Guerra, Oskar recebeu o título de Justos entre as Nações, uma honra atribuida pelo Estado de Israel a não-judeus e a Ordem de Mérito Alemã. 

 

Curiosidades do filme 

Mas há várias curiosidades por detrás do filme. Ele foi inteiro gravado em preto e branco, pois Spilberg queria trazer uma atmosfera de documentário e que a falta de cor no filme traria uma melhor representação. Para Spilberg, a cor é o símbolo da vida e, como o filme era sobre o Holocausto, tinha que ser em preto e branco.

Em algumas cenas do filme, vemos uma menina de casaco vermelho, destacando-se entre os personagens. Essa menina foi interpretada por Oliwia Dabrowska, que tinha três anos de idade na época e foi inspirada em uma menina que esteve no Holocausto que conseguiu sobreviver. Em 2002 , Roma Ligocka, publicou seu o livro A menina de casaco vermelho, contando seus dias na guerra. 
 
 
Baseado em um livro escrito pelo australiano Thomas Keneally, com o nome de Schindler's Ark, ele foi instigado por um sobrevivente, Poldek Pfefferberg, para escrever a história de Oskar Schindler que salvou mais de mil judeus.
 
 
A lista de Schindler foi editada inúmeras vezes nos momentos finais da guerra, sendo que algumas cópias sobreviveram.
 
 
A atuação de Ralph Finnes como Göeth ficou tão parecido, que uma sobrevivente tremeu de medo quando viu o ator caracterizado.
 
 

Spilberg esperava que o filme fosse um fracasso comercial, pois seu filme era em preto e branco e tinha um orçamento de apenas U$ 22 milhões. Mas, ao contrário do que pensava, que filmes de Holocausto não faziam sucesso, o longa arrecadou mais de U$ 320 milhões nos cinemas.

A Universal somente permitiu que Spilberg dirigisse o filme se, antes, gravasse Jurassic Park, pois entendiam que ele não iria querer fazer um filme de dinossauros após dirigir um filme sobre o Holocausto. 

 

Muitos atores foram cotados para interpretar Oskar Schindler nas telas. Nomes como Kevin Costner e Mel Gibson foram cotados, mas Spilberg queria um ator anônimo e acabou escolhendo Liam Neeson após vê-lo atuando na Brodway no espetáculo Anna Christie.

 
Em Auschwitz, as gravações foram feitas fora dos portões, em respeito aos mortos.

Spilberg se inspirou no filme e criou a Fundação Shoah e gravou o testemunho de vários sobreviventes do Holocausto. Até hoje, a Fundação preserva mais de 50 mil entrevistas.

Spilberg confessou que ficou com receio de que as pessoas não acreditassem se tratar de uma história real e, por isso, gravou uma cena final com os sobreviventes reais, salvos por Schindler.

O último sobrevivente da Lista de Schindler

Leon Leyson tinha 13 anos quando Oskar Schindler colocou seu nome na lista; era o mais jovem. Leon tinha 9 anos quando a Alemanha invadiu a Polônia e, com 10 anos, ele e sua família foram enviados para o Gueto de Cracóvia. De acordo com seus relatos, Leon passou décadas sem falar de sua experiência na II Guerra Mundial, por pensar que tal assunto não interessaria ninguém, até que Spilberg decidiu pegar sua história e realizar uma grande obra prima do cinema. A partir daí, Leon passou a dar várias entrevistas e palestras e contar sua triste história.

Leon nasceu em Narewka, uma cidade na Polônia, em setembro de 1929. Depois da Guerra, Leon se mudou para os Estados Unidos em 1949 e foi professor por 39 anos. Leon morreu de cranco com 83 anos em janeiro de 2013.
 
MUSEU

 A fábrica de Oskar Shindler virou museu e pode ser visitado. Tem uma exposição permanente com o nome "Cracóvia sob a Ocupação Nazi entre 1939 e 1945". O percurso através da Fábrica mostra reconstruções, imagens e sons capazes de transportar para a época. 

Endereço: 4, Lipowa

Horários:

De Abril a Outubro - segundas das 10h às 16h e de terça à domingo das 10h às 20h.       

De Novembro a Março - segundas das 10h às 14h e de terça à domingo das 10h às 18h.

Preços: 21 PLN (adultos) e 16 PLN (crianças)

Visite o Site Oficial para mais informações.

 

 

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Por Juliana Hembecker Hubert