A I Guerra e a Gripe Espanhola
22/08/2019 10:00
O inverno de 1918 foi marcado pelo surto da Gripe Espanhola, que causou a morte estimada de 50 milhões de pessoas. Mas, apesar do nome, a Gripe não teve seu surto inicial na Espanha.
A pandemia que se alastrou pelo mundo de 1918 a 1920 ficou conhecida como gripe espanhola pois sua existência foi detectada pela primeira vez na Espanha, onde o Rei Afonso XIII e vários membros do governo ficaram doentes. Porém, historiadores concordam que a origem da gripe se deu no centro-oeste dos Estados Unidos, onde o vírus foi transmitido das aves ou de porcos para os humanos. Há indícios que as primeiras mortes ocorreram em um campo de treinamento do Exército dos EUA no estados do Kansas, em março de 1918. E, a partir daí, a epidemia migrou para o leste americano em virtude do transporte militar, alcançado também a França em abril.
Embora a gripe tenha sido relatada pelos médicos americanos nos campos de treinamento para os superiores, tal fato não foi tratado com muita seriedade, uma vez que a guerra na Europa era mais importante que um nariz trancado, mesmo que alguns recrutas tenham morrido.
Porém, o que começou com uma "simples" gripe, se tornou algo mais sério, pois houve a mutação do vírus. Na primavera de 1918, uma onda atingiu as pessoas, onde a maioria acabou se recuperando alguns dias depois. Em agosto, houve uma nova mutação, e a onda do outono, que ocorreu na costa do Canal da França, na África Ocidental e na Nova Inglaterra, teve um efeito completamente diverso. Com a gripe vieram também outras doenças como pneumonia ou meningite, o que provocaram várias mortes, principalmente nos fronts. Mais soldados dos EUA morreram da gripe de 1918 do que foram mortos em batalhas durante a guerra. Quarenta por cento da Marinha dos EUA foi atingida pela gripe, enquanto 36% do Exército ficou doente, e as tropas que se movimentavam ao redor do mundo em navios lotados e trens ajudaram a espalhar o vírus.Vale destacar que na época não haviam vacinas ou remédios eficazes para tratamento.
A partir dessa pandemia, houveram muitas teorias da conspiração que levavam ao extremo a paranóia da Guerra. Uma dessas teorias era que agentes alemães estariam envenenando produtos enlatados e até liberando os agentes patogênicos em locais com bastante aglomeração de pessoas, afinal, o Exército Alemão estava usando gases venenosos na Guerra, o que seria liberar um vírus para dizimar os soldados e a população?
Também na Alemanha, a guerra era vista como causa da epidemia, sendo considerada um tormento de guerra. Isso tinha um núcleo real nas circunstâncias desastrosas em que os soldados doentes estavam alojados, uma vez que estavam em hospitais superlotados, onde não havia roupa limpa, poucas enfermeiras e remédios e, ao lado de suas camas, empilhavam os caixões com os mortos. Além disso, a fome que teve que suportar na esteira do bloqueio britânico, especialmente os civis no interior, muitas pessoas se tornaram suscetíveis à doença.
A guerra teve pouca influência sobre a gripe, como mostra o exemplo dos EUA, onde 775 mil americanos morreram de gripe, enquanto dez vezes mais soldados morreram nas trincheiras em 1918.
Fonte: welt.de; history.com
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Por Juliana Hembecker Hubert
