Brasileiro que foi executado na Torre de Londres

Brasileiro que foi executado na Torre de Londres

05/01/2021 10:00

Fernando Buschmann, filho de pai alemão naturalizado brasileiro e de mãe brasileira de ascendência dinamarquesa, foi executado na Torre de Londres em 19 de setembro de 1915, aos 25 anos, sob a acusação de espionagem.

Buschmann foi educado na Europa, onde se interessou por negócios relacionados à aviação, mas o fracasso nos negócios, ele retornou ao Brasil. Porém, em 1912, Buschmann voltou à Europa para trabalhar em parceria com Marcelino Bello em um negócio de importação de alimentos da Alemanha e da Inglaterra e exportação de banana e batata brasileiras. 

Em 1913 foi inaugurado o escritório da Buschmann e Bello em Hamburgo, com Fernando viajando entre o Brasil e a Europa a negócios. Porém, o escritório durou pouco tempo. Em setembro de 1914, o escritório foi fechado e o nome de Buschmann foi retirado do título da empresa por ser considerado ruim para os negócios.

Buschmann deixou sua família em Dresden e viajou pela Europa, chegando a Londres em abril de 1915.

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Os interesses comerciais de Buschmann haviam se ampliado para incluir botas, mulas e armas para o governo francês. Apesar disso, ele estava sempre com falta de dinheiro, e foram seus telegramas de mendicância para um contato holandês, “Flowers”, que alertaram a contra-inteligência britânica durante a I Guerra.

Buschmann deveria alegar que não tinha ideia de que esse indivíduo era um espião alemão, mas, tendo atraído a atenção das autoridades, suas atividades comerciais foram monitoradas de perto. 

Na madrugada de 4 de junho de 1915, apenas dois meses depois de chegar à Inglaterra, foi preso em casa, no distrito londrino de Kensington. 

Durante o interrogatório, ele afirmou que seu negócio na Inglaterra era vender ácido pícrico, um tipo de explosivo, rifles e tecidos.

Buschmann foi advertido em francês e inglês e enfrentou quatro acusações de acordo com a Seção 48 dos Regulamentos da Defesa do Reino de 1914. Em outras palavras, ele foi acusado de espionagem, um crime capital.

Julgado em corte marcial em setembro e incapaz de explicar satisfatoriamente seus negócios com agentes alemães conhecidos, seu histórico de negócios lamentável, viagens a Southampton e Portsmouth e a presença de tinta invisível em seus livros de registro, ele foi considerado culpado. Em sua defesa, ele argumentou:

“Eu nunca fui um soldado ou marinheiro e sou absolutamente ignorante de todos os assuntos militares. Não sou um bom empresário, pois estou mais envolvido com minha música do que com os negócios".

Buschmann foi condenado à morte por fuzilamento e transferido para a Torre em 18 de outubro de 1915.

Ele teve permissão para o consolo de seu violino. Na noite que antecedeu a execução, Buschman tocou 19 peças, entre sonatas de Bach, óperas de Puccini e uma marcha nupcial de Grieg.

A sentença foi executada às 7h00 do dia 19 de outubro no Tower Rifle Range.

Buschmann beijou o violino, dizendo: "Tchau, não vou mais precisar de você". Em seguida, ele foi escoltado para uma cadeira, com o peito descoberto, para enfrentar os fuzis de um pelotão de fuzilamento de oito homens da Guarda Escocesa do 3º Batalhão. Diante do pelotão de fuzilamento, Buschmann recusou a venda nos olhos. 

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Buschman foi apenas um dos 11 espiões do Kaiser a serem executados na Torre durante a Primeira Guerra Mundial.

*No total, 11 espiões foram executados dentro das muralhas das Torres de 1914 a 1916. Entre eles:Carl Frederick Muller, executado em 23 de junho de 1915; Haicke Petrus Marinus Janssen e  Willem Johannes Roos, executado em 30 de julho de 1915; Ernst Waldemar Melin, executado em 10 de setembro de 1915; Augusto Alfredo Roggen, executado em 17 de setembro de 1915; Fernando Buschmann, executado em 19 de outubro de 1915; George Traugott Breeckow, executado em 26 de outubro de 1915; 'Irving Guy Ries', executado em 27 de outubro de 1915; Albert Meyer, executado em 2 de dezembro de 1915 e Ludovico Hurwitz-y-Zender, executado em 11 de abril de 1916.

A Tower Rifle Range foi demolida para dar espaço para um escritório em 1969 e, mais tarde, convertido em espaço de estacionamento. 

Todos os espiões executados foram enterrados no cemitério de East London, em Plaistow, East London.

Fontes:warhistoryonline, royalarmouries, camelotintl, findagrave, executedtoday, hrp.org.uk, slippedisc, thegazette, capitalpunishmentuk

Por Juliana Hembecker Hubert                                     

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