Histórias de Guerra: O gato Simon
10/06/2019 10:00
Há muitos anos os gatos têm entrado na história da humanidade. Eles viajavam com os vikings, eram sagrados para os egípcios, salvaram tropas francesas e britânicas da fome em 1854 (Sevastopol Tom, o gato) e, por que não ser militar?

O conceito "gato de navio" existe desde muito tempo, pois, além de serem eficientes, os gatos também são conhecidos por aliviar o stresse e dar senso de companheirismo para os marinheiros que estão longe de casa.
Simon, um pequeno gato preto e branco, foi visto por um marinheiro britânico procurando comida entre as docas da ilha de Stonecutters em março de 1948, em Hong Kong. George Hickinbottom, de 17 anos, viu o gato e decidiu que o navio precisava de um gato para se livrar dos ratos que os incomodavam.
A infestação de ratos apresentava um grande risco para a saúde da tripulação. Decidido, George colocou o Simon dentro de sua jaqueta e o contrabandeou para dentro do HMS Amethyst da Marinha Real Britânica.

HMS Amethyst
Em outubro de 48, o comandante do Amethyst, Ian Griffiths, acabou sendo substituído por um novo comandanten, o tenente-comandanta Bernadr Skinner. Simon, depois de quase sete meses como "marinheiro", já tinha conquistado a reputação de mascote do navio. Dessa forma, o novo comandante, gostando do mascote felpudo do navio, acabou dando alguns privilégios adicionais, como acesso irrestrito nas áreas do navio e a permissão de dormir com o comandante. Nos seis meses seguintes, Simon tornou um companheiro fiel para toda a tripulação.

Porém, a vida de um gato despreocupado não durou muito tempo. Em abril de 49, o Amethyst ficou encarregado de ir até o porto de Najing, para substituir o navio HMS COnsort de seus deveres. A China estava no meio de uma sangrenta guerra civil entre os rebeldes comunistas do Exército Popular de Libertação de Mao Tsé Tung (ELP) e o Partido Nacionalista (ou Kuomintang) de Chiang Kai-shek.

Um acordo de cessar fogo entre os dois lados iria terminar à meia-noite do dia 21 de abril, mas, como a Inglaterra não tinha tomado parte no conflito, nenhum problema era esperado e, as autoridades acreditavam que o Amethyst chegaria ao porto antes do cessar-fogo. Mas, não foi bem assim.
Na metade do rio Yangtze, o Amethyst ficou sob o fogo de artilharia do Exército de Libertação do Povo Chinês e, uma das bombas acabou destruindo a cabine do capitão, matando o tenente-comandante Skinner e ferindo gravemente o Simon. Ao todo, o navio foi atingido mais de 50 vezes, sendo que dezenove marinheiros foram mortos e outros vinte e sete ficaram feridos.
O Amethyst foi cercado pelas tropas chinesas, tornando uma fuga impossível. Diante disso, nos meses seguintes, a tripulação ficou presa no rio Yangtze e teve que tratar seus feridos com os suprimentos médicos que estavam disponíveis no navio.

E o Simon? O médico Michael Fearnley extraiu quatro pedaços de estilhaços de suas costas. Por recomendação médica, Simon ficou na enfermaria e, dessa forma, acabou ajudando a manter a moral entre os tripulantes. Como Simon foi capaz de suportar terrível ataque e sair vivo, ele, definitivamente, foi considerado um marinheiro, e após um tempo de recuperação, ele já estava vagando pelo navio.
Porém, as condições a bordo do Amethyst começaram a ficar ruins por causa da diminuição dos suprimentos de água e comida. Quase três meses após o ataque inicial, as negociações não estavam avançando.
Em 30 de julho, o Amethyst finalmente conseguiu escapar com a ajuda do mau tempo e da baixa visibilidade. Na volta para a Inglaterra, o navio aportou em alguns portos e a notícia do Simon correu entre os marinheiros, trazendo esperança e tranquilidade. Simon tornou-se uma celebridade internacional graças à forte cobertura dos noticiários da imprensa e do cinema. Um exército de câmeras e repórteres registrou a chegada do navio ao Porto de Hong Kong, e Simon posou para fotos com seus companheiros durante a celebração.
Ao retornar a Plymouth em novembro de 49, Simon recebeu a medalha da campanha Amethyst, a medalha da Cruz Azul por bravura animal e heroísmo e a medalha Dickin, uma versão da Vistoria Cross para animais. Até hoje, Simon foi o único animal a receber tal medalha.

Segundo relato do capitão do Amethyst:
"Por muitos dias Simon sentiu muito por si mesmo, nem pôde ser localizado. Seus bigodes, até agora, mostram sinais da explosão. Os ratos, que começaram a se reproduzir rapidamente nas porções danificadas do navio, representavam uma ameaça real à saúde da companhia do navio, mas Simon nobremente subiu para a ocasião e depois de dois meses os ratos foram muito diminuídos.

Durante todo o incidente, o comportamento de Simon foi do mais alto nível. Não se esperaria que um pequeno gato sobrevivesse à explosão a partir de uma explosão capaz de fazer um buraco com mais de 30 centímetros de diâmetro em uma placa de aço.
No entanto, depois de alguns dias, Simon foi tão amigável como sempre. Sua presença no navio, junto com Peggy, o cão, foi um fator decisivo na manutenção do alto nível de moral da tripulação do navio".

Como todos animais que entravam na Inglaterra, Simon teve que ficar em quarentena, mas, infelizmente, na segunda semana da quarentena, ele acabou desenvolvendo uma infecção grave resultante das feridas, e faleceu dias depois, aos dois anos de idade.

Em seu funeral, quase mil pessoas e toda a tripulação do Amethyst compareceu. Em sua lápide, que está no PDSA Ilford Animal Cemetery, há a inscrição "Durante todo o incidente do Yangtze, seu comportamento foi de mais alto nível".

Simon também é lembrado com um arbusto plantado em sua homenagem no Bosque do National Memorial Arboretum, em Staffordshire.

Homenagem da Zheit à todos os animais que de certa forma deram suas vidas e ajudaram nas Guerras.
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Por Juliana Hembecker Hubert





