Religião na Alemanha durante a II Guerra

Religião na Alemanha durante a II Guerra

22/06/2018 10:00

Todos sabemos que a religião tem um papel fundamental no mundo. Independente da sua crença, ela sempre foi usada na politica e nas guerras. A sensação de ser um mensageiro de Deus ou de que Deus está ao seu lado, transfere a si e aos seus seguidores uma sensação de poder e tranquilidade, pois está fazendo algo certo e bom para todos.

Durante a Segunda Guerra não foi diferente: 3,5 % dos alemães em 1939 diziam ser pagãos; 40% católicos e 54% protestastes. Adolf Hitler era católico ativo. Contudo, antes de 1933, ele parou de participar ativamente da Igreja, porém continuava suas contribuições mensais. Porém, a Alemanha, desde a reforma Protestante¹, foi dividida entre católicos e protestantes e, com isso, surgiu a Igreja Luterana (Landeskirchen). Naquela época, surgiu pequenas organizações dentro da religião cristã chamada de Konfession, que era o nome desses grupos dentro do segmento cristão,  que concordava ou seguia em partes as orientações. Aos curiosos, o termo Konfession vem do latim e em uma tradução seca para confissão ou compromisso.

Reforma Protestante: No seculo XVI Martinho lutero ficou conhecido por se levantar contra os cleros ele fez 95 teses que foram pregadas a porta do castelo Wittenberg muitos leram e apoiavam suas teses começando assim na Alemanha uma reforma nas igrejas católicas elas forma apoiadas por religiosos e  governantes europeus. Obs: A reforma protestante é muito mais complexa e interessante que esse resumo, se quer saber mais sobre Martinho Lutero deixa nos comentários.   

Ou seja, por esse parágrafo, nota-se que a Alemanha, depois da reforma protestante, ficou um caos religiosamente, o que, de uma certa forma, representava o espirito que ela passava politicamente. Imagina, existia a Igreja Católica, a Protestante e, dentro de cada uma, existiam vários sub grupos onde cada uma seguia mais ou menos o que lhe convém. Entretanto, a Igreja Protestante era a que mais permitia uma variação maior dentro da suas congregações e, foi onde o nazismo se apoiou, desde a Primeira Guerra Mundial e Martinho Lutero era usado para embasar suas atividades. Eles usavam suas teses para justificar suas atividades. Quando Hitler tomou o poder em 1933, em uma atividade festiva em Königsberg, onde o Administrador Chefe da unidade Nazista Zivilverwaltung da Polônia ocupada, Erich Koch, fez um discurso comparando Adolf Hitler com Martinho Lutero, onde enfatizava que eles lutavam com Deus e com o espírito de Lutero.

Erich Koch

Lógico que essas comparações e utilizações dos manifestos de Lutero não foram aceito por todos.  Karl Barth, que era um teólogo, e o Pastor Wilhelm Rehm salientavam que o Partido Nazista estava se apropriando dos manuscritos de Lutero e distorcendo os posicionamentos. O partido Nazista foi acusado de separar os ensinamentos bíblicos dos ensinamentos do Estado. Entretanto, Lutero dizia que o Estado é a representação de Deus na terra. Contudo, questionar o partido nazista não era uma atividade fácil. Em 1937, o Reverendo Martin Niemöller foi preso pela Gestapo por discursar contra as ideologias do Fuher. Aliás, Hitler já não ia muito com a cara de Niemöller, quando em 1934 ele questionou um dos posicionamento de Hitler, que dizia que a Igreja não era responsável pelas questões espirituais dos alemães.

Martin Niemöller

"Ele me estendeu a mão e eu aproveitei a oportunidade. Segurei a sua mão fortemente e desse "Sr. Chanceler o senhor disse que devemos deixar em suas mãos o povo alemão, mas a responsabilidade pelo nosso povo foi posta na nossa consciência por alguém inteiramente diferente". Então, ele puxou a sua mão, dirigindo-se ao próximo e não desse mais nenhuma palavra" Niemöller.

Bandeira do Movimento Cristão Alemão

 

Depois de 1932, os cristãos alemães tinham dois seguimentos: o Movimento Cristão Alemão e a Igreja Confessante. O movimento Cristão Alemão eram aqueles que apoiavam o Partido Nacional Socialista e a Igreja Confessante eram aqueles que não concordavam com as ideologias do movimento cristão, que era abolir costumes judáicos que estavam presente na Igreja, rejeitar o antigo testamento e, ainda, que Adolf Hitler era um importante agregado na reforma e que judeus batizados seriam excomungados.

Com isso, a Igreja Católica ia se mantendo em uma balança. Com o Partido Nazista no poder, a Igreja Católica, em tempos era perseguida e em outros tempos era tolerada. Tudo devido à política do Vaticano que, até 1933 tinha esperança que o Partido Nacional perdesse as eleições. Até as eleições, o Papa e padres faziam discurso contra os nazistas, mas, após a vitória do Partido, seus discursos e pensamentos foram alterados para uma tentativa de convívio pacifico. Contudo, segundo a Igreja Católica, os pesamentos e atitudes pagãs dificultavam essa convivência e muitos padres foram enviados para os campos de concentração ou eram perseguidos.

Em 1941, a SS invadiu, sobre o comando de Himmler, todos os monastérios e abadias. A operação se chamava "Aktion Klostersturm". Contudo, em junho/julho a operação foi cancelada pois o Partido temia uma manifestação religiosa dos católicos em massa, o que poderia mudar o rumo das coisas na época.

Essa decisão tomada mostra como a religião era e é fundamental na política. Mesmo com toda a ideologia e, mesmo o Movimento Cristão Alemão sendo em maior número, preferiram não arriscar e inflamar os católicos.

A religião na Alemanha não é muito fácil de se entender e requer um estudo aprofundado. Mas, estamos falando aqui da religião no meio civil. Vamos imaginar como ficava a cabeça dos militares. Por mais treinado que você seja, a fé e a certeza que após a morte o céu é o destino, é o que confortam os soldados que, quando vão ao campo de batalha, vão certos da morte.

 

A Alemanha nazista pensando nisso, na moral e na fé transforam em parte dos equipamentos militar o Feldgesangbuch (livro de hinos religiosos)     

 

 

 

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 Por Murilo Hubert Schenfeld