Terra de Ninguém

Terra de Ninguém

27/02/2020 10:00

A chamada Terra de Ninguém, No Man's Land ou Niemandsland, nada mais era que um pedaço de terra desocupada entre as trincheiras inimigas. 

A origem desse termo, segundo o Oxford English Dictionary, principal dicionário histórico que ratreia o desenvolvimento histórico do idioma inglês, há uma referência do termo que remonta ao ano 1320, onde a palavra "nonesmanneslond", era usada para  descrever um território que foi disputado ou envolvido em um desacordo legal.

Esse termo também foi usado no século XI e serviu para descrever as terras que estavam além das muralhas da cidade de Londres.

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Durante a I Guerra, a Terra de Ninguém era um espaço metafórico e era o único lugar onde as tropas inimigas pudessem se encontrar sem hostilidade, pois foi na Terra de Ninguém que, durante a trégua de Natal de 1914, as tropas inimigas se encontraram e onde as tropas iam remover com segurança seus parceiros feridos. 

Mas a Terra de Ninguém não era um dos melhores lugares. Ela poderia ser o lugar mais aterrorizante, que apresentava maior perigo para os soldados. 

A Terra de Ninguém, segundo o poeta Wilfred Owen, era" como a face da lua, caótica e cratera ", montado, inabitável, horrível, morada da loucura.

Esse local costumava variar de vários metros até, em alguns casos, menos de 10 metros. Fortemente defendida por metralhadoras, artilharia e fuzileiros de ambos os lados, costumava ser extensivamente craterada e cheia de arame farpado, minas terrestres improvisadas e rudimentares, sendo que, essa área poderia estar contaminada por armas químicas. 

Não apenas os soldados foram forçados a atravessar a terra de ninguém quando avançavam, como poderia ser o caso quando se retiravam, mas depois de um ataque, as macas tiveram que entrar nela para trazer os soldados feridos.

Essa área tinha muitas histórias, sendo que, uma das mais interessantes surgiu no livro The Squadroon, escrita por Arthur Hulme Beaman, tenente-coronel da cavalaria britânica. 

Ele conta que no início de 1918, nos  pântanos de Somme, no norte da França, ele testemunhou duas dúzias de prisioneiros de guerra alemães desaparecerem no chão. Ao ver essa cena, Arthur quis enviar uma equipe de busca para o labirinto de trincheiras abandonadas, mas é desaconselhado porque a área “estava povoada de homens selvagens, britânicos, franceses, australianos, desertores alemães, que viviam lá no subsolo, como fantasmas entre os mortos em decomposição, e que saíam à noite para saquear e matar". 

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Outra descrição horrível de bandidos e desertores da época da guerra veio na autobiografia de cinco volumes de 1948,  Laughter in the Next Room, de Sir Osbert Sitwell, quinto baronete e capitão do Exército. 

Ele escreveu que: "Durante quatro longos anos, o único internacionalismo - se existia - fora o de desertores de todas as nações em guerra, francês, italiano, alemão, austríaco, australiano, inglês, canadense. Fora da lei, esses homens viviam - pelo menos eles viviam - em cavernas e grutas sob certas partes da linha de frente. Covarde, mas desesperado como o lazzaroni do antigo Reino de Nápoles, ou dos bandos de mendigos e apanhadores dos tempos de Tudor, que não reconheciam nenhum direito e nenhuma regra que não fosse de sua própria autoria, eles iriam emitir, dizia-se, seus covis secretos, depois de cada um dos intermináveis ​​batalhas de xeque-mate, para roubar a morte de seus poucos bens - tesouros como botas ou rações de ferro - e deixá-los mortos.

Vale ressaltar que os efeitos da I Guerra, em especial da Terra de Ninguém, persistem até os dias de hoje, podendo citar Vedun, onde há a Zone Rouge. (Leia mais sobre a Zone Rouge AQUI).

A Terra de Niguém também foi usada para mencionar o território próximo a Cortina de Ferro, um limite não físico que dividia a Europa em duas linhas distintas, desde o final da II Guerra até o final da Guerra Fria. 

 

Fonte: Historynet; Smithsonianmag

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Por Juliana Hembecker Hubert