Tuneleiros da I Guerra

Minar as posições do inimigo é uma das atividades mais antigas. Por quase 3000 anos antes de 1914, e mesmo após a invenção da pólvora e o  desenvolvimento da artilharia, foi uma técnica primordial para o cerco; de fato, o tunelamento ainda é empregado em todo o mundo até os dias atuais. 

A Grande Guerra, no entanto, produziu o maior cerco que o mundo já havia visto, e seus quatro anos apresentaram um ambiente de conflito que favoreceu perfeitamente as habilidades do mineiro militar.

Os horrores das trincheiras são bem documentados, mas pouco se sabe sobre os tuneleiros, os homens que lutaram em túneis de três metros abaixo da linha de frente.

Em março de 1915, as primeiras companhias de túneis foram formadas e estavam trabalhando em Flandres. No final daquele ano, a guerra contra minas era mais ou menos contínua, onde quer que as linhas de trincheira opostas estivessem a uma distância de ataque mútuo.

Na frente ocidental, durante a I Guerra Mundial, foram empregados mineiros especializados em cavar túneis sob a Terra de Ninguém (No man's land), onde o objetivo principal era colocar minas nas posições defensivas inimigas. 

Uma vez detonados esses explosivos, a infantaria atacaria as linhas inimigas e aproveitaria a confusão para fazer avanços territoriais. Esta foi uma operação extremamente perigosa, mas de grande sucesso, que durou até 1917.

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Porém, para cavar um túnel de minar a defesa inimiga, poderia levar até um ano. Ademais, esses tuneleiros trabalhavam constantemente sob condições extremamente perigosas e potencialmente fatais. 

Envenenamento por monóxido de carbono, colapso de túnel e explosões não planejadas de minas anteriores foram todos os principais riscos dessa guerra. No entanto, o medo mais aterrorizante para esses homens era a luta corpo a corpo no escuro, caso encontrassem tuneleiros inimigos. 

Também vale destacar que, além de cavar os túneis, os mineiros também precisavam escutar se os tuneleiros inimigos estavam próximos.

Reveses mais perigosos foram instensificados pelas atividades de combate à mineração pelo "Mineure", os tuneleiros alemães. 

Diante disso, os soldados nas trincheiras desenvolveram estratégias para descobrir os túneis inimigos. Um método era enfiar um graveto no chão e segurar a outra extremidade entre os dentes e sentir as vibrações subterrâneas. Outro envolveu afundar um tambor de óleo cheiode água no chão da vala. Os soldados então se revezaram para abaixar um ouvido na água para ouvir qualquer ruído produzido pelos tuneleiros.

As companhias de tunelamento sofreram muitas baixas ao longo da guerra. Cinco homens britânicos foram mortos durante um túnel no Somme em 1915, incluindo William Arthur Lloyd, um engenheiro de Wrexham.

Muitos desses homens se sacrificaram em uma tentativa de derrotar o inimigo.

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Curiosidades:

-Cerca de 28.000 mineiros serviram como tuneleiros, muitos velhos demais para lutar nas trincheiras.

- Na Batalha de Messines, em 1917, os tuneleiros britânicos colocaram 455 toneladas de explosivos em 21 túneis que levaram mais de um ano para serem preparados. A explosão gigante matou 10.000 alemães.

- Minas tornaram-se cada vez maiores. No início da ofensiva de Somme , os britânicos denotaram duas minas que continham 24 toneladas de explosivos. Outra mina de 91.111 lb em Spanbroekmolen criou um buraco que depois mediu 430 pés de borda a borda. Agora conhecida como Piscina da Paz, é grande o suficiente para abrigar um lago de 40 pés de profundidade.

- Em janeiro de 1917, o general Sir Herbert Plumer deu ordens para que 20 minas fossem colocadas sob as linhas alemãs em Messines . Nos cinco meses seguintes, mais de 8.000 metros de túnel foram escavados e 600 toneladas de explosivo foram colocadas em posição. A explosão simultânea das minas ocorreu às 3h10 de 7 de junho. A explosão matou cerca de 10.000 soldados e foi tão alta que foi ouvida em Londres.

- O enorme esforço australiano ocorreu na Colina 60, onde as Empresas de Túneis trabalhavam por meses, reforçando e protegendo as grandes minas em sua zona.

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Série

A dica de série sobre os tuneleiros é Birdsong, um drama britânico em duas partes, baseada no romance de guerra de 1993 de mesmo nome.

Estrelado por Eddie Redmayne (Animais Fantásticos e onde habitam e Crimes de Grindelwald), foi dirigido por Philip Martin com base em um roteiro de Abi Morgan.

A história é contada em flashbacks, com as experiências de Stephen Wraysford  na Primeira Guerra Mundial. Vaçe destacar que Stephen relembra esses eventos quando está gravemente ferido como resultado de um encontro com sapadores alemães quando ele e seus próprios homens acompanham os tuneleiros britânicos do Royal Engineers no subsolo. Deixado para morrer, ele é descoberto e salvo por Jack Firebrace, um homem da classe trabalhadora com quem Stephen já sentiu pouca empatia.

Veja o trailer:

Fonte: BBC, Mirror, Manchesterhistorian

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Por Juliana Hembecker Hubert