O gás mostarda nas Guerras

O gás mostarda, ou mostarda com enxofre (Cl-CH₂CH₂)₂S, é um agente químico que causa queimaduras graves na pele, olhos e vias respiratórias. Pode ser absorvido pelo corpo por inalação, ingestão ou contato com a pele ou os olhos.

Essa arma química, geralmente era lançada na forma líquida ou vapor. A mostarda de enxofre é geralmente incolor em seu estado gasoso, embora possa ter uma tonalidade amarela ou verde fraca. É mais facilmente reconhecido pelo seu odor de "mostarda", marca registrada, embora alguns comparem seu cheiro ao de alho, rábano ou enxofre.

Na guerra moderna, as armas químicas foram usadas pela primeira vez na Primeira Guerra Mundial (1914 a 18), durante a qual a guerra de gás infligiu mais de um milhão das vítimas sofridas pelos combatentes naquele conflito e matou cerca de 90.000.

Quando em contato com o gás, causa vermelhidão e coceira na pele que resulta em bolhas amarelas cheias de pus. Como o gás mostarda retira as membranas mucosas dos olhos, nariz e trato respiratório, as vítimas também podem sofrer irritação ocular, cegueira temporária, coriza, tosse, falta de ar e dor sinusal. O sistema digestivo também era afetado.

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As vítimas de gás mostarda normalmente não apresentam sintomas de envenenamento até 12 a 24 horas após a exposição. No entanto, concentrações mais altas do gás podem causar sintomas dentro de uma a duas horas.

A exposição ao gás mostarda geralmente não é letal e a maioria das vítimas se recupera de seus sintomas em algumas semanas. Alguns, no entanto, permanecem permanentemente desfigurados como resultado de queimaduras químicas ou ficam permanentemente cegos.

Outros desenvolvem doenças respiratórias crônicas ou infecções, que podem ser fatais. E como o gás mostarda danifica o DNA das células humanas, as vítimas recuperadas correm maior risco de desenvolver certos tipos de câncer.

A primeira vez que o gás foi utilizado foi pelo exército alemão contra soldados britânicos e canadenses perto de Ypres, na Bélgica, em 1917 e, posteriormente, também contra o Segundo Exército Francês. O nome Yperite vem do seu uso pelo exército alemão perto da cidade de Ypres.

Os Aliados  levaram mais de um ano para desenvolver sua própria arma de agente mostarda, com a produção dos produtos químicos, sendo usado pela primeira vez em setembro de 1918, durante a quebra da linha Hindenburg.

O agente mostarda foi disperso como aerossol em uma mistura com outros produtos químicos, dando a ele uma cor amarelo-marrom e um odor característico. O agente de mostarda também foi disperso em munições como bombas aéreas, minas terrestres, projéteis de morteiros, projéteis de artilharia e foguetes. 

O agente de mostarda é uma arma persistente que permanece no chão por semanas e continua a causar efeitos negativos. Se o agente mostarda contamina as roupas e os equipamentos de um soldado, os outros soldados com os quais ele entra em contato também são envenenados.

Na Segunda Guerra

Em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, um carregamento americano de mostarda explodiu a bordo de um navio de suprimentos que foi bombardeado durante um ataque aéreo no porto de Bari , na Itália. Oitenta e três das 628 vítimas hospitalizadas que foram expostas ao agente da mostarda morreram.

De 1943 a 1944, experimentos com agentes mostarda foram realizados em voluntários de serviço australianos no tropical Queensland, na Austrália, por soldados do Exército Britânico e americanos, resultando em alguns ferimentos graves. Um local de teste, o Brook Islands National Park, foi escolhido para simular as ilhas do Pacífico mantidas pelo Exército Imperial Japonês.

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Os Estados Unidos testaram o gás mostarda e outros agentes químicos, incluindo mostarda nitrogenada e Lewis, em até 60.000 militares durante e após a Segunda Guerra Mundial. Os experimentos foram classificados em segredo e, como no Agente Orange , as solicitações de assistência médica e compensação foram negadas rotineiramente, mesmo após a desclassificação dos testes da Segunda Guerra Mundial em 1993.

Após a Segunda Guerra Mundial, o agente mostarda armazenado foi jogado pelos britânicos no mar perto de Port Elizabeth, na África do Sul.

Após a Segunda Guerra

Em 2002, um arqueólogo do laboratório de arqueologia Presidio Trust em San Francisco foi exposto a um agente de mostarda, que havia sido desenterrado no Presidio de San Francisco, uma antiga base militar.

Em 2008, bombas aéreas vazias de gás mostarda foram encontradas em uma escavação na Base do Exército de Marrangaroo, a oeste de Sydney, na Austrália.

Em 2009, uma pesquisa de mineração perto Chinchilla, Queensland, descobriu bombas, algumas contendo "Mustard H", que haviam sido enterrados pelo Exército dos EUA durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 2010, um barco puxou algumas bombas de artilharia da Primeira Guerra Mundial do Oceano Atlântico. Vários pescadores sofreram bolhas na pele e irritação respiratória suficientemente severos para exigir sua hospitalização. 

Em 2014, foi encontrada uma coleção de 200 bombas na fronteira entre de Passendale e Moorslede. A maioria das bombas estava cheia de gás mostarda e eram uma sobra do exército alemão as quais deveriam ser usadas na Batalha de Passchendale na Primeira Guerra Mundial. Foi a maior coleção de armas químicas já encontrada na Bélgica.

Fontes: livescience, britannica, sciencedirect

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Por Juliana Hembecker Hubert